Recordações de um homem sem lembranças

Após a sua morte, um homem ver todo o seu passado desconhecido, e fica vislumbrado com fatos que ele achava que nunca teria coragem de fazer.


Esqueci de quando um pão com manteiga era gostoso















São Paulo, quarta-feira 1 de janeiro de 1986, às 00h00mim. Um ruído de três, dois, um, me acorda. Olho para o céu, um céu alegre, as estrelas dançavam e pulavam sem parar, elas explodiam de felicidade e se multiplicavam em muitas, ate desaparecer. Estava com cede e para minha sorte tinha uma, duas, três, dez, dezesseis, garrafas do meu lado, pego cuidadosamente para que elas não se quebrem, e levo a boca. Fiz como todas elas e elas fizeram a mim, o que já sabia, mas continuavam a beija as suas bocas.

Não sabia o que estava acontecendo. Pegaram nos meus braços, me levantaram, me levaram para um bar e me deram uma cerveja. O mundo girava para direita e esquerda ao mesmo tempo. Jogamos sinuca, bebemos mais uma cerveja, e depois outra, rimos, me deram uma bebida vermelha que desceu com fogo. Eles queriam ir embora e eu queria ficar. Brigamos e nem sei por que, eles foram embora e eu saboreei mais e mais bocas, ate onde o dinheiro deu.

Dei o primeiro passo, mas não era eu que estava no controle. Foi me confessar, sujo banheiro que estava, vi o meu reflexo e não reconhecia face daquela pessoa. Vomitei ate o amanhecer, mas estava me sentindo melhor, como se uma cachoeira de sangue pisado, tive-se desaparecido de mim.

Estava ainda tonto e com muita fome. Pequei as ultimas moeda, o troco da ultimo beijo, não havia muita coisa que eu poderia comprar, mas comprei o alivio das minhas lombrigas, um alivio para minha consciência, lembrei o caminho para casa, fui embora, e eu só pensava em mais um pão com manteiga.

O dia que não terminou


São Paulo, terça feira 21 de maio de 1999, às 14h31min. Estes olhos que aqui se fecham, agora vêem o arco-íres por de trás da montanha, escuto cada vez mais alto o canto dos pássaros, mas não agüento os gritos que murmuram na minha mente, levemente desaparecem as picadas de agulhas, o corte transversal no meu peito, minha respiração que me esforço tanto para realizar, não faz mais tossir, o coração que batia tão forte e alto, já não martelavam meus neurônios. Meu fígado engordurado e meus pés inchados parecem que estão novos novamente.

Fecho meus olhos completamente e não vejo mais o médico e enfermeiras, só um pássaro que voa em minha direção, pousa do meu lado e começa a cantar uma musica intrigante, que conta tudo o que eu não sabia sobre minha vida.

Comecei a pensar se tudo valeu à pena. Mas neste momento, estava feliz. Por que tinha sentido a liberdade pela primeira vez.